sábado, 29 de junho de 2013

O fantástico mundo da leitura: A imaginação em folhas de papel


Marivania Cruz

Viajar pelo mundo das palavras e da fantasia, assim muitos leitores assíduos definem a paixão pela leitura e o prazer que sentem ao ter um livro nas mãos e poder através dele, formar novos conceitos e novas paixões.


Atualmente com tanta tecnologia, parece estranho uma pessoa ficar horas concentrada na leitura de um livro, porém para os apaixonados pelos livros, passar horas com um livro na mão, só enriquece seus conhecimentos e deixam a alma mais leve, longe de todo o stress do dia a dia.

Segundo a assistente administrativa, Marivania Cruz, ler possibilita maiores conhecimentos e o desejo de cada vez mais, novos livros serem adquiridos.

“Sempre gostei de ler e sempre que tenho tempo procuro um livro do meu gosto, para começar uma leitura. Gosto muito de livros intrigantes e surpreendentes, e isso aguça muito nossa ansiedade, o que nos faz querer sempre ter mais um livro do autor que gostamos”, disse Marivania que é fã do autor Harlan Coben.

Se para alguns leitores, o autor preferido e o tipo de livro está claro, para os iniciantes pode parecer mais difícil encontrar um livro de seu gosto e que desperte a paixão pela leitura. Segundo a editora Inês Barcelos, uma orientação pode ser fundamental para o leitor.

“Para os iniciantes é mais difícil escolher um livro que seja de sua preferência, o ideal seria buscar uma biblioteca para que uma pessoa a ajude na escolha de seu livro, através de seu gosto e de suas preferências gerais”, disse a editora.

A editora disse ainda que quando a pessoa faz uma escolha de leitura, deve pensar em sua intenção, como, por exemplo, se prefere uma leitura de lazer, informação ou até mesmo de estudo.

A leitura traz inúmeros benefícios para as crianças, colaborando para o aumento de seu conhecimento e ampliação do seu vocabulário. Segundo a professora, Raquel Ortiz, a leitura precoce só traz benefícios às crianças, que serão adultos mais interessados pela cultura.

“A leitura infantil é muito importante para que haja um desenvolvimento educacional. A criança que lê desde cedo, cresce com mais estímulo, com mais autonomia, e cria o hábito de ler e escrever”, explicou a professora.

NÚMEROS DE LEITORES
Dados da Fundação Pró-Livro e do Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito de ler jornais, revistas, livros e textos na internet por atividades como ver televisão, assistir a filmes, reunir-se com amigos e família e navegar na internet.

A pesquisa revelou uma queda no número de leitores no país de 95,6 milhões, registrada em 2007, para 88,2 milhões, com dados de 2011. O índice representa uma queda de 9,1% no universo de leitores ao mesmo tempo em que a população cresceu 2,9% neste período.

Foram entrevistadas para a pesquisa 5.012 pessoas em 315 municípios brasileiros entre 11 de junho e 3 de julho de 2011. Os entrevistadores classificam como leitores quem leu pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. O resultado de 88,2 milhões de leitores corresponde a 50% da população total de brasileiros com 5 anos ou mais (178 milhões).

Atualmente, as mulheres são maioria entre as pessoas com o hábito de ler pelo menos um livro a cada três meses (57%), e as faixas etárias que mais reúnem pessoas com o hábito de ler são entre 30 e 39 anos (16% do total), entre 5 e 10 anos (14%) e entre 18 e 24 anos (14%).

A queda do número de leitores foi apontada em todas as regiões brasileiras, com exceção do Nordeste, que ganhou um milhão de leitores entre 2007 e 2011, e onde a penetração da leitura subiu de 50% para 51%.

Hoje, 29% de todos os leitores brasileiros vivem nesses estados, contra 25% em 2007. Por outro lado, no Sudeste, a penetração caiu de 59% para 50% do total da população e hoje responde por 43% do total de leitores, dois pontos percentuais a menos que na última edição da pesquisa. Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul vivem 8%, 8% e 13% dos leitores brasileiros, respectivamente.

Fonte:

Leitura: políticas públicas devem ter foco em docentes


Em um cenário de redução dos índices de leitura, escritores e profissionais do setor do livro destacam as iniciativas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME) como modelo de políticas públicas de incentivo à leitura no país. Isso porque os estudos revelam que, hoje em dia, são os docentes as figuras mais influentes na formação dos novos leitores.

A temática foi debatida durante o Simpósio Retratos da Leitura no Brasil - 3ª edição, realizado no último dia 6, como um dos eventos paralelos do 15ª Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil. Na ocasião, a socióloga Zoara Failla apresentou os dados da 3ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura do Brasil”, divulgada em março de 2012. Encomendada ao Ibope pelo Instituto Pró-Livro (IPL), com apoio da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), a pesquisa — coordenada pela própria Zoara Failla — revelou queda dos índices de leitura do país.

Dos mais de cinco mil brasileiros entrevistados em 315 municípios durante o ano de 2011, só 50% eram leitores. Em números brutos, os dados indicam a presença de 88,2 milhões de leitores no país. Eles leem quatro livros por ano, em média, sendo que apenas dois do começo ao fim. Na segunda edição da mesma pesquisa, realizada em 2007, 55% dos entrevistados eram leitores, totalizando um número de 95,6 milhões de leitores, que liam, em média, 4,7 livros por ano.

Zoara Failla chamou a atenção para a influência do professor na formação de novos leitores. “Em 2007, o professor aparecia com a pessoa mais influente no despertar do gosto pela leitura para 33% dos entrevistados e a mãe era apontada como com a figura mais relevante para 49%. Na versão mais recente, o professor foi apontado como a figura mais influente para 45% dos entrevistados, e as mães apareceram em segundo lugar, com 43%. O trabalho desenvolvido pelos docentes nas escolas é de suma importância”, explicou a coordenadora da 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura.

No entanto, segundo Zoara Failla, o levantamento também revelou que os interesses de leitura dos professores não diferem dos gostos da maioria da população. Os gêneros mais lidos pelos brasileiros são: livros didáticos, bíblia, livros religiosos, livros técnicos, livros infantis e livros de auto-ajuda. As duas publicações mais lidas no período da pesquisa foram “A Cabana” e “Ágape”. E os professores acompanharam essa tendência.

Presidente do Snel, Sonia Jardim assinala o papel estratégico do educador para cativar novos leitores, sugerindo políticas públicas com foco na formação docente. “A análise que se faz é que as políticas públicas não estão funcionando a contento. Os números não mentem. Considero interessante o fato de constatarmos que ele próprio, o professor, não tem o hábito da leitura. E que seus livros prediletos não tem um diferencial em relação ao restante da população.”

Neste aspecto, Sonia Jardim parabeniza a Secretaria Municipal de Educação (SME) do Rio de Janeiro por distribuir livros de literatura para os educadores da rede. “O programa ‘Rio, Cidade de Leitores’ apoia o professor, dando livros, inclusive, de literatura. Livros interessantes, gostosos de ler. Esperamos que os professores se apaixonem por essas obras. Já os programas do Governo Federal se restringem aos livros de formação”, completou a presidente do Snel.

Quem também participou do encontro foi Ana Maria Machado, presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL). Na mesa “Reflexões sobre os artigos publicados no livro Retratos da Leitura no Brasil”, que também aconteceu no dia 6, a escritora apresentou seu texto “Sangue nas Veias”. O trabalho integra a publicação Retratos da Leitura no Brasil 3, lançada na bienal de São Paulo no ano passado, que traz uma coletânea de artigos que analisam aspectos variados dos hábitos de leitura dos brasileiros, pautados nos resultados da série de pesquisas Retratos da Leitura no Brasil (2000, 2007, 2011).

Para a presidente da ABL, uma das alternativas para melhorar os índices de leitura do país é justamente estimular professores a lerem literatura. Tal medida, segundo a escritora, ajudará a potencializar o papel estratégico dos docentes no despertar do interesse de crianças e jovens pela leitura.

“Podemos estimular os professores criando uma biblioteca de professores na escola ou um clube de leitura de docentes. Devemos dar oportunidades de os professores terem acesso a livros de leitura, mas sem nenhuma cobrança. O livro precisa ter uma presença maior na formação docente. A maioria das escolas de Pedagogia não tem Literatura Infantil”, avaliou a Ana Maria Machado.

Diante do cenário revelado pelo levantamento, a presidente da ABL destacou as ações desenvolvidas pela SME/RJ voltadas para a formação do professor-leitor. “A SME/RJ desenvolve ações contínuas de incentivo à leitura há oito anos. Em muitos aspectos, os indicadores do Rio de Janeiro são melhores. É o projeto de incentivo à leitura do professor, feito em parceria com FNLIJ, é muito importante. São cursos sobre Literatura Infantil e Literatura Juvenil para os educadores. Eu tenho certeza de que esses números positivos do Rio se devem a esse programa, pois há uma continuidade. Os professores fazem debates sobre os livros que recebem”, explicou a presidente da ABL.

Rio, uma cidade de leitores - O projeto visa a incentivar e fortalecer o hábito da leitura por prazer de alunos e professores da rede municipal de ensino. Dentre suas ações estão a compra de livros de literatura para os professores da rede e criação da comissão Carioca de Leitura, que acompanha e discute as ações de leitura do projeto.

A participação no 15° Salão do Livro integra o programa. Segundo a SME, foram investidos um total de R$1.017.572,50 no evento, sendo R$894 mil destinados ao reforço e atualização dos acervos de 1.440 unidades de ensino e bibliotecas escolares da rede municipal.

Salão do Livro até dia 16 - “A arte de ilustrar livros para crianças e jovens” é o tema do Seminário FNLIJ Bartolomeu Campos de Queirós que se estende até a quinta, dia 13. A atividade integra a programação do “15º Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens” que, neste ano, tem como temática central a “Ilustração”.

Em sua 15ª edição, o Salão do Livro homenageia a Colômbia, que enviou personalidades do setor literário para debater os desafios do incentivo à leitura no continente com especialistas e gestores do Brasil. O encontro abrange 71 editoras distribuídas em 85 estandes. As atividades se estendem até o domingo, 16.

A programação inclui uma série de encontros paralelos, como o “Panorama da literatura infantil e juvenil latino-americana — seções latino-americanas do Ibby”, que reunirá representantes de México, Cuba, Bolívia, Peru, Equador, Guatemala, Argentina, Uruguai, Venezuela, entre outros. 

A visitação é aberta ao público, das 8h30 às 18h, de segunda a sexta-feira, e de 10h às 20h, aos sábados e domingos. O ingresso custa R$5. Além de professores da rede municipal do Rio de Janeiro, a gratuidade é concedida a maiores de 60 anos, portadores de deficiência e instituições que trabalham com crianças e jovens de comunidades de baixa renda, pré-agendadas com a FNLIJ.


Fonte:

Sites disponiblizam livros para baixar de graça


Para os amantes da leitura, a internet oferece diversas opções de sites e blogs com conteúdo literário, científico e textos raros. Para os leitores que não têm problema em ler em outro idioma, alguns sites oferecem textos em inglês e espanhol.

O material pode ser lido diretamente no tablet, computador ou celular ou, se usuário preferir, pode fazer o download para ler mais tarde, em casa, sossegado. E o melhor de tudo, de graça.

Veja algumas opções de leitura gratuita

Universia – Reúne mais de 1.000 arquivos, incluindo biografias de cineastas, textos científicos sobre comunicação e clássicos da literatura universal.

Open Library – Projeto que pretende catalogar todos os livros publicados no mundo, já tem 1 milhão de títulos disponíveis para download. Podem ser encontrados livros em cerca idiomas.

Blog Midia8 – Página reúne mais de 200 links de livros sobre comunicação em português, inglês e espanhol para ler online e fazer download.

Read Print – Essa espécie de livraria virtual oferece mais de 8 mil títulos em inglês para estudantes, professores e entusiastas de clássicos.

Portal Domínio Público - Biblioteca virtual criada para divulgar clássicos da literatura mundial, oferece download gratuito.

Biblioteca Nacional de Portugal – Entre os destaques do portal está um site dedicado ao escritor José Saramago.

Biblioteca Mundial Digital – Oferece milhares de documentos históricos de diferentes partes do mundo. O material está disponível para leitura online.

Dear Reader – Clube virtual que envia por e-mail trechos de livros. Após o cadastro, o usuário passa a receber diariamente um trecho, cerca de dois a três capítulos de livros.

Projeto Gutenberg – Tem mais de 100 mil livros digitais que podem ser baixados e lidos em diferentes plataformas eletrônicas.


Fonte: 

sábado, 15 de junho de 2013

Para que serve uma livraria?

Um especialista acredita que as lojas desaparecerão no futuro. Mas elas já começaram a se reinventar

DANILO VENTICINQUE

|

|
Danilo Venticinque é editor de livros de ÉPOCA. Conta com a revolução dos e-books para economizar espaço na estante e colocar as leituras em dia. Escreve às terças-feiras sobre os poucos lançamentos que consegue ler, entre os muitos que compra por impulso (Foto: Sidinei Lopes/ÉPOCA)
Uma das grandes vantagens de ser jornalista é poder falar com especialistas em qualquer assunto. Não importa qual área do conhecimento te interessa: há sempre dezenas de americanos que dedicam sua vida àquilo e são capazes responder a qualquer pergunta. Nas horas vagas, preveem o futuro. Falar com eles costuma ser uma experiência enriquecedora, mas suas más notícias sobre os anos vindouros podem aborrecer qualquer um.
A previsão mais perturbadora que ouvi de um entrevistado surgiu numa conversa sobre livros digitais. O entrevistado era o americano Bob Stein, presidente do Instituto para o Futuro do Livro. (Sim, podemos dormir tranquilos: existe um instituto dedicado a isso.) Entre uma pergunta e outra sobre os diferentes formatos de e-books, suas vantagens e desvantagens, Stein comentou casualmente que as livrarias iriam acabar. Com o sucesso das vendas de livros digitais e a adesão dos consumidores ao comércio eletrônico, elas tinham se tornado inúteis.
Ao ouvir a previsão, engasguei. Stein percebeu do outro lado da linha e hesitou por um instante. Era um momento inusitado. Repórteres costumam ficar felizes quando um entrevistado diz uma frase de impacto. Ele logo percebeu que esse não era o meu caso, e começou um esforço desajeitado para me consolar. Reelaborou sua opinião de forma mais otimista, como se tentasse convencer uma criança de que fadas existem, ou de que a mãe do Bambi não estava morta. A frase publicada na minha reportagem acabou sendo esta: "As livrarias não desaparecerão, mas deixarão de ser apenas pontos de venda." Eu não estava pronto para acreditar na primeira frase, nem convencido o suficiente para dividi-la com os leitores.
Por muito tempo temi que a primeira previsão de Stein estivesse certa. Como costuma ocorrer com os especialistas, ele tinha os fatos ao seu favor. A Borders, uma das maiores cadeias de livrarias do mundo, faliu em 2011 devido à concorrência com a Amazon e outros sites. No Reino Unido, 18% das livrarias independentes fecharam. Seus donos culpam o comércio eletrônico e os livros digitais.

Um futuro sombrio
A preocupação com o futuro das livrarias é tão grande que o autor de suspense Stephen King, um dos pioneiros do e-book, anunciou na semana passada que vai adiar o lançamento virtual de seu novo livro, Joyland. "Não tenho planos para uma versão digital", disse King ao Wall Street Journal. "Talvez em algum momento, mas enquanto isso as pessoas podem se chacoalhar e ir a uma livraria de verdade, em vez de uma digital."
O plano de King tem tudo para dar errado. Se alguém quiser comprar Joyland e não encontrar uma versão digital, o mais provável é que encomende o livro físico pela internet, com meia dúzia de cliques, sem pisar numa livraria. Alguns podem simplesmente desistir de comprar o livro. Ou pirateá-lo e colocá-lo a disposição de outros leitores gratuitamente – o pior dos mundos para o autor, para as editoras e para as lojas. Se dependermos de decisões como essa, o futuro das livrarias é sombrio como um romance de Stephen King.  

A vida entre as estantes

Com essa preocupação na cabeça decidi fazer uma visita à minha livraria favorita na semana passada. Quem sabe por quanto tempo ela resistiria?

Para minha surpresa, ela estava lotada. Na entrada, havia uma agenda de eventos e convites para cursos e palestras. Alguns adolescentes conversavam sobre livros nos corredores. Leitores sentavam-se no chão ou em poltronas com seus livros e revistas. Outros tomavam café enquanto liam em mesas. Livreiros atendiam, pacientemente, a pedidos nebulosos dos fregueses. ("Não sei qual é o autor nem qual é a editora, mas a capa é verde e ele estava na vitrine no mês passado.") Um homem tímido arriscava uma conversa com uma garota desacompanhada. As grandes livrarias, diz a lenda, são bons lugares para paquerar. Seus frequentadores têm interesses em comum. O assunto para a primeira conversa pode estar nas mãos de um deles, ou na prateleira ao lado. Os amantes de livros tendem a se atrair. Um flerte no corredor da livraria pode ser um prólogo para juntar as escovas de dentes (e as estantes) nos capítulos seguintes.
As livrarias brasileiras cresceram num vazio deixado pela falta de boas bibliotecas e centros culturais. Transformaram-se em pontos de encontro, salas de leitura e espaços para eventos. Algumas têm auditórios e até teatros para acolher o público. Mesmo com todas as facilidades oferecidas pela internet, as pessoas continuam saindo de suas casas. As que gostam de cultura nem sempre têm boas alternativas para se divertir. E, depois que abandonamos o sofá e o cobertor, poucos lugares são tão aconchegantes quanto uma livraria.
Acompanhei, como consumidor, a transformação das lojas nos últimos 20 anos. Na minha infância, tomei algumas broncas de livreiros por ler na livraria. Se quisesse olhar um livro com mais atenção, deveria comprá-lo e levá-lo para casa. Com o nascimento das megalojas, maiores e com lugares para sentar e ler, os funcionários deixaram de ter a missão inglória de interromper as leituras dos clientes. Em contrapartida, surgiram lojas em que o livro era apenas mais um produto na vitrine, em meio a televisões, computadores e celulares. Como os eletrônicos eram mais caros, a maioria dos vendedores sabia tudo sobre eles – e nada sobre livros. Se você quisesse trocar de celular, estava no lugar certo. Se quisesse encontrar qualquer livro que não fosse o best-seller da semana, restava desbravar as prateleiras por conta própria. Passei boa parte da minha adolescência circulando sozinho por livrarias assim. Ainda há lojas desse tipo, e elas têm seu valor: uma livraria que vende televisões é melhor do que livraria nenhuma. Mas ouvi muita gente séria dizer que esse era o futuro de todas elas. Estavam errados. Ainda há espaço para lojas em que o livro é o personagem principal, e não um coadjuvante pobre. 
Uma nova experiência
Quem já sabe qual livro comprar e quer começar a ler imediatamente não tem motivo para sair de casa. As compras pela internet são mais cômodas e mais baratas. Continuamos indo às livrarias por outras razões. Visitar uma delas deixou de ser uma experiência de compra e passou a ser um momento de descoberta. Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura, definiu com perfeição a diferença entre as livrarias de papel e as virtuais: "É como ir a um restaurante em vez de pedir comida em casa".
Transformar a livraria num ambiente cultural efervescente é o caminho para que ela deixe de ser um simples ponto de venda, como aconselhou Stein. O café, as poltronas, os cursos e os encontros com autores são convites para que o cliente se perca em meio às estantes, descubra novos livros e sucumba a promoções. Sair de uma livraria sem comprar nada é um desafio impossível para quem tem o mínimo interesse pela leitura. Já falhei nessa tarefa tantas vezes que desisti de tentar. Agora, tenho mais um motivo para não resistir aos meus impulsos de consumo. Cada livro que compro numa livraria contribui para a sobrevida de todas elas. E ajuda a provar que os especialistas agourentos estão errados. 

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A falta de hábito de leitura e o analfabetismo funcional

Professor Marcus Garcia - Portal Segs - 20/05/13

Segundo a ANL (Associação Nacional de Livrarias), o Brasil fechou 2012 com 3.481 livrarias em operação. Destas, 49% estão instaladas nas capitais dos 27 estados e no Distrito Federal, e as 51% restantes nas demais cidades. Como temos aproximadamente 197 milhões de habitantes, isto significa que há cerca de 1,8 livrarias para cada 100 mil habitantes.

Os dados do IDEB (Índice para o Desenvolvimento da Educação Básica) de 2012, divulgados pelo MEC, mostram que as 192.676 escolas de educação básica no país atendem 50.545.050 alunos. Mas, apenas perto de 64 mil delas possuem bibliotecas. Ou seja, não chega a ter uma biblioteca para cada mil alunos. Isso se reflete, é claro, no déficit de leitura do brasileiro.

O Instituto Pró-Livro realizou em 2011, um estudo no qual foram entrevistadas mais de 5 mil pessoas em 384 municípios. O levantamento revelou que a média de leitura do brasileiro é de quatro livros
por ano, sendo que, somente cerca de 50% da população brasileira cultiva o hábito de leitura. Para fazer uma comparação com outros países, na França a média é de 12 livros por ano, na Espanha, 11, nos Estados Unidos, 10, na Argentina, seis, no Chile, cinco e na Colômbia, dois. Na Noruega, maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo, as pessoas leem cerca de 16 livros por ano. Não é um número tão alto comparado a outros países, mas impressiona o percentual da população que cultiva o hábito da leitura, que é de 96%.

O incentivo dado ao estudante para ler deveria começar na escola, mas quase 70% delas sequer têm uma biblioteca. Com esta realidade, o que se pode esperar a não ser grande número de analfabetos funcionais? Dados do Indicador de Analfabetismo Funcional, divulgados em julho de 2012, dão conta que 20% dos brasileiros, de 15 a 49 anos, são analfabetos funcionais, ou seja, aquela pessoa que, apesar de conseguir ler as palavras, não consegue entender e, consequentemente, interpretar a mensagem de um texto de até 10 linhas com até três parágrafos.

A mudança dessa realidade depende de conscientização e sensibilização. Para desenvolver novos patamares intelectuais, culturais e profissionais, a pessoa precisa necessariamente ampliar seu cabedal de conhecimento, o que torna a leitura fundamental. A neurociência já pesquisou e afirmou que a capacidade do cérebro humano é muito grande, e uma vida inteira de estudo e leitura intensivos não seriam suficientes para esgotar uma pequena fração de sua capacidade.

Para cultivar o hábito da leitura nas crianças e nos jovens é preciso que a família e a escola façam sua parte. Hoje, existem obras de todos os gêneros que podem agradar até o mais cético dos leitores. Um bom começo para despertar o interesse pode ser a contação de histórias, seguida de teatrinho, diálogo e outras técnicas de interação e incentivo à leitura que podem ser iniciadas logo após o nascimento da criança. Que tal começar trocando o brinquedo eletrônico por um livro de banho ou um fantoche para os bebês?

Para dizer o mínimo, parafrasearei Mark Twain, escritor e humorista norte-americano que viveu no século XIX e escreveu aquele que é considerado o maior
romance
americano “As Aventuras de Huckleberry Finn”: "Quem não lê tem pouca vantagem sobre quem não sabe ler."

* Professor Marcus Garcia possui formação na área de Educação e Tecnologia da Informação, já escreveu 16 livros, entre eles é autor e organizador da série de livros A Escola No Século XXI. www.marcusgarcia.pro.br
    

Alunos convidam pais para ler

Jornal da Manhã - 06/06/13

projeto leitura ponta grossa
Na Escola Estadual Professor Iolando Taques Fonseca, a professora de Língua Portuguesa, Simone Bueno, utilizou o jornal para promover a interação entre pais e filhos através da leitura. Para isso, os alunos do 6º ano ‘A’ precisavam escolher uma das notícias publicadas no dia 16 de maio no JM para ler e conversar com algum parente, em sua casa.

A aluna Rhaquel fez a leitura com seu avô Willibaldo. Já a jovem Aline escolheu o seu pai, Livino: “Gostei muito da experiência e queria fazer mais vezes, pois o fato de participar das atividades é muito bom para o aprendizado de minha filha”, diz. A estudante Leticia uniu-se ao seu pai, Ademir, e à sua mãe, Aulina, neste momento.

“Percebi que muitos alunos conseguiram entender melhor as notícias ao trocarem ideias com alguém mais experiente, e que os pais, avós, gostaram de participar da atividade. Acho que consegui atingir meu objetivo principal que era incentivar o hábito de ler o jornal em casa”, afirma Simone.

Fonte: http://www.brasilquele.com.br/2013/06/10/alunos-convidam-pais-para-ler Acesso em 14/06/2013