sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Leitura de gibis estimula imaginação e senso crítico


Jan Santos
A leitura de histórias em quadrinhos, conhecidos nacionalmente como gibis, incentiva crianças e adultos para que o hábito se torne prática prática diária.

Este é o caso de Paulo Guilherme Mattos Edwards, 11, estudante e atleta, do estudante do curso de Letras - Língua Portuguesa Jan Santos, 20 (foto), e do estudante de engenharia Renato Costa Oliveira, 20, que são apaixonados por boas histórias e também são colecionadores de gibis.

De acordo com Bero Vidal, do Clube dos Quadrinheiros de Manaus, os gibis contribuem e sempre contribuíram para estimular o senso crítico dos leitores, fazendo com que os jovens adotassem sua leitura como hábito.

Ele lembra ainda que os gibis eram tidos como literatura proibida nos anos 1960, quando o governo americano determinou que publicações fossem ‘caçadas’. “Eles acreditavam que os quadrinhos alienavam as pessoas e que tinham conteúdo perigoso. Lembro que na minha infância era proibido ler gibis nas escolas, as professoras confiscavam”, relembra Dero.

Mas as publicações aumentaram de lá para cá, e o número de leitores apaixonados também. “Hoje, as pessoas entendem a contribuição das histórias em quadrinhos como uma porta. Sim, através dos gibis as pessoas se interessam pelas artes, pelo teatro, pelo cinema e outras literaturas”, afirma Dero.

Apaixonado por gibis

Paulo Guilherme, o PG, lê gibis desde a alfabetização. Gosta de histórias que falem de aventura, amizade, disputas, brincadeiras e até paqueras. “Além deste temas, ele também se interessa pelos quadrinhos que tratam de questões sociais, como deficiência física de alguns personagens”, contou Michele Mattos, mãe de PG e engenheira.

De acordo com Michele, ela tinha a intenção de incentivar o filho a ler, mas precisava ser algo que ele gostasse, sem pressões. “O gibi é uma leitura agradável por conta das imagens e linguagem com temas infantis, por isso ele se apaixonou”, disse a engenheira.

PG dedica cerca de 1h à leitura das histórias em quadrinhos, sempre após as atividades escolares ou à noite, antes de dormir. A paixão pela leitura de gibis ultrapassou os limites da casa, Paulo Guilherme leva os quadrinhos para as aulas de inglês e espanhol. “Leio gibis com versões em outros idiomas para exercitar a pronúncia”, revela Paulo Guilherme.

Ele revelou ainda que faz questão de ir às bancas e escolher as revistas que lerá, mas também baixa na internet e lê no tablet ou até no celular. Mas sempre sob os olhares atentos da mãe. “Controlo a quantidades que ele vai comprar, pois quer levar tudo”, contou Michele.

Michele garante que os gibis influenciaram o interesse do filho pela leitura de livros volumosos e destaca que os pais devem apoiar os filhos a lerem quadrinhos. “Geralmente, ele escolhe temas infantis, historinhas e sempre quer ler toda a coleção daquela obra”, disse.

Gibis literários

Jan Santos começou a ler gibis há 13 anos e começou com histórias da turma da Mônica e da Disney, mas também era ‘viciado’ em ler as tirinhas que saíam nos jornais de domingo. Com o tempo, o interesse pelos gibis aumentou, inclusive por temas mais reflexivos.

“Histórias em quadrinhos, muitas vezes, apresentam conceitos diferentes, envolvendo filosofia, mitologia e até mesmo moral e ética. Ler esse tipo de histórias com certeza aguça o apetite por outras modalidades de leitura”, revela Jan.

O universitário, que ano passado lançou um livro intitulado ‘Evangeline - Relatos de um mundo sem luz’, afirma que a leitura de gibis contribui significativamente para a profissão dele. “Os gibis são ótimos para aprendermos formas diferentes de dinamizar uma história, mesmo que não seja em quadrinhos”, revela.

Como a leitura e escrita fazem parte da rotina de Jan, ele revela que já pensou muitas vezes em fazer seu próprio gibi, que segundo ele deve ser o sonho de todos os colegas que se interessam pelo gênero. “ Idealizo uma história alternativa sobre algum personagem que gosto muito, bem como o Sandman, o Batman ou algum dos X-men, por exemplo. Com um enredo curto, seria mais para mostrar o quanto alguns desses caras podem ser nos bastidores, quando não estão lutando contra o crime ou salvando o mundo”, contou o jovem.

Quadrinhos japoneses

No caso de Renato Costa Oliveira, o incentivo pela leitura de mangás, como são conhecidos os gibis japoneses, ocorreu há 6 anos. “Uma amiga me emprestou alguns, eu fiquei curioso porque ela só falava neles”, disse.

As histórias japonesas são conhecidas pela fantasias e mundos desconhecidos, mas, para Renato, as publicações vão muito além do lúdico, orientações sobre moral e caráter fazem parte do estilo oriental. “São cativantes por falar de vários assuntos como força de vontade, responsabilidade, honra e relacionamentos interpessoais. Tem papel educativo”, disse.

Para o estudante, o hábito de ler outras publicações sobre outros gêneros aumentou após ele ter começado a ler mangás. “O hábito de ler aumentou, junto com a vontade de ler algo mais completo. Hoje leio livros, que talvez não leria se não fosse os mangás”, acredita Renato.

Fonte:http://www.blogdogaleno.com.br/2014/01/23/leitura-de-gibis-estimula-imaginacao-e-senso-critico - Acesso: 24/01/2014

Como adquirir o hábito da leitura


Ler é essencial para que possamos desenvolver melhor nossas habilidades de comunicação, escrita e vocabulário. Mesmo que você não tenha esse hábito, existem atitudes que podem ajudá-lo a se interessar mais pela leitura.

Uma das formas mais simples de começar a gostar de ler é pegar um livro antes de dormir. Este é o momento em que estamos mais tranquilos e, por isso, a leitura pode ser mais prazerosa. Caso você goste de ler na sua cama, mas se sinta incomodado com o peso dos livros, os tablets e notebooks podem ser seus aliados, por serem leves. Você pode encontrar diferentes obras disponíveis para download gratuito na lista feita pela Universia Brasil.

O ambiente que cerca o leitor também é muito importante, por isso tente ler num lugar tranquilo, onde ninguém possa incomodá-lo ou distraí-lo. Quando você interrompe o que está fazendo acaba perdendo a sua linha de raciocínio, e às vezes pode acabar desistindo de prosseguir com a leitura.

Além dessas dicas, lembre-se sempre de não desistir. Todos os novos hábitos custam um pouco a serem integrados à rotina, e é essencial que você se esforce ao máximo para não deixar seu objetivo de lado a cada vez que surgir uma dificuldade. Começar a ler só depende de você.

Fonte: http://www.blogdogaleno.com.br/2014/01/23/como-adquirir-o-habito-da-leitura - Acesso: 24/01/2014

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Escritoras acreditam no aumento do interesse dos brasileiros por literatura


Mary Del Priori

Se o ano passado foi bom para as mulheres que se dedicam à literatura no Brasil, 2014 promete boas surpresas. Novos projetos não faltam a escritoras consagradas como Lya Luft, Mary Del Priore (foto), Márcia Tiburi e Ana Paula Maia. Que o diga Del Priore, às voltas com um novo tema – o sobrenatural – depois de lançar mais de 20 livros de história, entre eles 'Condessa de Barral – a paixão do imperador', 'O príncipe maldito' e o best-seller 'Histórias íntimas'.

“Minha paixão é escrever. Estou sempre envolvida com pesquisas que me levam a novos personagens e a buscar narrativas que tragam informação e prazer para o leitor. Desse ponto de vista, meu próximo livro, que está bastante adiantado, será o melhor que puder fazer, ainda mais com esse fascinante tema”, conta ela. 

Coisas “do outro mundo” à parte, Mary Del Priore diz que o público brasileiro tem se interessado mais por história, principalmente depois de a mídia dar visibilidade para publicações nessa área. Mas ainda falta multiplicar leitores, acredita a professora, que deu aulas na Universidade de São Paulo (USP) e na PUC Rio. Isso só será possível quando o ensino da matéria for menos afeito a enfoques ideológicos, priorizando a paixão e a curiosidade do leitor. Para isso, adverte Mary, é necessário mudar mentalidades. 

“Nosso patrimônio histórico não tem verbas para sua salvaguarda; as comunidades não veem seu passado material ou imaterial como prioridade; nas escolas, faltam políticas de educação patrimonial que consolidem um modelo de cidadania cultural. O terceiro setor, que vem se batendo pelo cuidado aos bens culturais, é ignorado pelas autoridades e pela própria sociedade”, afirma Mary.

MEDIOCRIDADE 

Dizendo-se bastante pessimista em relação ao novo ano, “pois, no Brasil, estamos passando por uma fase de mediocridade generalizada”, Lya Luft prepara o lançamento de 'O tempo é um rio que corre' (Record), previsto para março. “Trata-se de um pequeno ensaio sobre o mistério do tempo que passa. Acho que as pessoas vão se divertir com a sua leitura”, acredita a gaúcha, autora do best-seller 'Perdas & ganhos'.

De acordo com Lya, livros de ficção mais densos têm enfrentado dificuldades no Brasil. As pessoas, constata a escritora, querem leitura mais leve e divertida, sem maiores compromissos. “Não é culpa delas, mas do clima de futilidade geral que tem imperado por aí”, resume.

Gaúcha como Lya Luft e radicada em São Paulo, a romancista e filósofa Márcia Tiburi já está escrevendo novo livro, mas evita detalhá-lo para não atrapalhar seu processo criativo. “Será um tipo muito específico de obra de arte”, adianta. Para ela, a literatura brasileira experimentou bom momento no ano passado, apesar dos problemas econômicos, políticos e culturais enfrentados pelo país. “Estou otimista, espero que 2014 seja melhor em todos os sentidos, inclusive o literário”, diz.

A romancista carioca Ana Paula Maia, autora do celebrado 'De gados e homens', constata que o público leitor – principalmente feminino – aumentou bastante. “Elas são mais exigentes. Percebo um crescimento do número de mulheres interessadas nos meus livros, o que é uma grata surpresa, pois não são voltados para elas. Espero que 2014 também seja bom para a literatura”, conclui.


Três perguntas para...Josélia Aguiar, crítica literária e jornalista

O ano que passou foi bom para as escritoras brasileiras?
Não só 2013. Nos últimos anos, temos assistido à estreia ou ao lançamento de livros significativos de autoras de todas as idades, tanto na prosa quanto na poesia. Não só para as mulheres as coisas parecem melhores: a literatura brasileira contemporânea passa por uma revalorização, ao menos em relação ao interesse da imprensa, o que deixa editoras e curadorias mais receptivas a autores nacionais. Como no passado tínhamos menos mulheres na ativa, a impressão pode ser de que as coisas têm sido mais interessantes particularmente para elas. Numericamente, creio que a quantidade de homens na cena literária ainda é maior.

Que livros lançados em 2013 por escritoras você destacaria?
Vou destacar livros de ficção, em ordem alfabética: 'Hanói', de Adriana Lisboa; 'As miniaturas', de Andréa Del Fuego; 'Esquilos de Pavlov', de Laura Erber; e 'Opisanie Swiata', de Veronica Stigger.

Quais são os seus projetos literários para 2014?
Além de continuar escrevendo sobre literatura, já que sou especializada na área, estou concluindo uma biografia de Jorge Amado para o selo Três Estrelas.


Leitura tem a capacidade de modificar o cérebro

Para leitores, o fato de que histórias podem mudar uma pessoa não é nenhuma novidade. Porém, um novo estudo indica que a leitura de um romance pode provocar mudanças reais no cérebro, que persistem por alguns dias mesmo depois que o livro acaba. Os resultados foram publicados na edição de dezembro do periódico Brain Connectivity.

Enquanto outras pesquisas nessa área começaram a utilizar a ressonância magnética para identificar as redes cerebrais associadas à leitura, principalmente enquanto as pessoas leem, o estudo de Berns e sua equipe teve como foco os efeitos naturais que permanecem no cérebro após essa atividade.

“Histórias ajudam a dar forma às nossas vidas, e às vezes ajudam a definir uma pessoa. Nós queremos entender como elas entram no nosso cérebro, e o que são capazes de fazer com ele”, conta Gregory Berns, neurocientista da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, e principal autor do artigo.

Participaram do estudo 21 estudantes de graduação da Universidade de Emory, que se submeteram à ressonância magnética por 19 manhãs consecutivas. Os primeiros cinco dias serviram apenas para registrar a atividade normal dessas pessoas durante o repouso.

Depois, durante nove dias, eles leram o romance Pompéia, escrito por Robert Harris. A história se baseia em um evento real, a erupção do Monte Vesúvio na Itália, e acompanha um protagonista que, de fora da cidade de Pompéia, percebe a fumaça ao redor do vulcão e tenta voltar para salvar sua amada.

Os participantes deveriam ler uma parte do livro à noite, e passar pela ressonância magnética na manhã seguinte. Terminado o período de leitura, os eles foram ao laboratório por mais cinco dias, para que os pesquisadores avaliassem se os efeitos da história permaneceriam.

Nas manhãs seguintes à leitura, os resultados mostraram um aumento na conectividade de uma região do cérebro associada à recepção da linguagem. “Apesar de os participantes não estarem lendo enquanto eram avaliados, eles retiveram esse aumento de conectividade”, explica Berns. Um aumento de conexões também foi identificado no sulco central do cérebro, região ligada à função motora. Os neurônios dessa região estão relacionados à criação de representações de uma sensação do corpo – o simples pensar em correr, por exemplo, pode ativar os neurônios associados ao ato físico de correr.

Para os pesquisadores, essas mudanças cerebrais provocadas pela leitura, que têm a ver com a movimentação e sensações físicas, sugerem que um romance pode, de certa forma, transportar o leitor para o corpo do protagonista. “Nós já sabíamos que boas histórias podem te colocar no lugar de outra pessoa, em um sentido figurado. Agora estamos percebendo que algo assim também ocorre biologicamente”, explica Berns.

Os pesquisadores ainda não sabem dizer até onde essas mudanças podem ir, mas elas persistiram pelo menos durante os primeiros cinco dias após a leitura, analisados neste estudo. “O fato de que detectamos esses efeitos alguns dias depois da leitura de um romance escolhido aleatoriamente por nós sugere que os romances favoritos de uma pessoa podem desencadear efeitos mais intensos e duradouros”, afirma o pesquisador.ue o leitor se sinta na pele do personagem, revela estudo.